sábado, 30 de agosto de 2008

Portugal abriu as fronteiras e entra o crime

Tenho um pouco de receio do aumento da violência e dos chamados crimes violentos. Sempre guardei para mim a satisfação reconfortante de sentir que vivo num país que, apesar de tudo, mantinha-se diferente. Diferente da violência que lia ocorrer noutros locais do mundo. No meu Portugal, não há aqueles mísseis a cruzar o céu que me fizeram chorar quando na Tv os vi no céu do Rio de Janeiro, no Brasil. Não há nada que me faça sentir aquele embrulho no estômago e aquela sensação terrível indescritível que tenho quando me chegam aos ouvidos actos humanos do pior que existe, como os genocídios em África ou o funcionamento das redes de pedofilia mundiais. Não que nunca tenha existido violência em Portugal. Mas é muito diferente. Os crimes violentos praticamente não constituiam uma ameaça à população em geral. No máximo, eram crimes passionais ou macabros, ocorridos entre conhecidos que se desentendiam. Geralmente em zonas específicas ou isoladas de Portugal, quase sempre entre pessoas de baixa instrução e condição de vida miserável. Crime de morte por coisa alguma, não.

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A primeira notícia que me marcou de um crime violento onde assassinaram uma pessoa sem necessidade para tal foi há uns anos, quando assassinaram com várias facadas e depois um tiro, um homem que trabalhava na sua ourivesaria. Fiquei impressionada. Como, e desde quando, alguém aqui pratica um crime estúpido destes? Nunca antes tinha ouvido falar de tal coisa. Matar para roubar! Não assim, entre pessoas sem desentendimentos à muito pendentes. Não com intenção, não sem ser um acidente, um imprevisto. Não uma ourivesaria, muito menos com tal crueldade e indiferença. Três facadas (?) e um tiro! Mas o que é isto? Que tipo de pessoa comete tal acto? Mesmo na eventualidade das coisas correrem mal, nunca tal podia ter tal desfecho. Este acto estava em dessintonia com a norma. Foi muito cruel. Desnecessário, gratuito e fútil. Cobarde. .

.Acredito que dar um tiro possa ser «fácil» pela ausência de contacto físico. O que facilitaria o indivíduo já covarde de dar azo à sua cobardia. Mas antes do tiro, existiu a sordidez das múltiplas facadas. Aí existe contacto, dá para sentir tudo, suja-se as mãos de sangue, escuta-se de perto o som da vítima a agonizar a cada perfuração. É uma vilanice. Cobardes!!


A polícia através das imagens da câmera de vigilância, conseguiu identificar e prender os assassinos. No jornal onde li a notícia publicaram essa imagem, momentos antes do acto criminoso. Ali estava a vítima, viva, a respirar pela última vez. Tudo tão desnecessário! No retrato aparece um casal, homem e mulher, bem vestidos. Ele de fato e gravata. Boa aparência. Pois sim... mas foi quem enfiou três facadas naquele pai de família ali a trabalhar para sustentar os seus. É que é tão inusitado, tão imprevisto, que o pobre homem não podia sequer ter imaginado que, um dia, ia ser este o seu desfecho. Afinal, quem é que acorda de manhã a pensar que é naquele dia que não vai regressar a casa?


As ironias macabras e injustas da vida são terríveis. O casal de assassinos eram brasileiros ilegais em Portugal. Quem diria que a vida do homem assassinado e a existência de dois Brasileiros nascidos sabe-se lá onde do outro lado do planeta, ia cruzar-se para ter este desfecho?


E porquê o fazem? Porquê andam estes criminosos por aí, a achar que escapam ilesos? Não sabem que uma acusação de furto é uma coisa e o acto de matar, outra totalmente diferente? Não sabem que o limite é a vida? Porque foram aqueles brasileiros que em Campolide assaltaram o Banco Espírito Santo piorar a situação ao fazer reféns? Nunca se viu tal coisa... a não ser nos filmes americanos. Porquê acordaram eles naquele dia e decidiram que ia ser aquele o dia em que iam morrer? É que não deram alternativas. Os reféns podiam ter morrido. O desfecho podia ter sido outro sem ser necessário alguém morrer. Nem mesmo os bandidos.


Calhou ser o dia do emigrante e veio à televisão um diácono comunicar à população que não devemos alimentar pensamentos xenófobos diante desta notícias quase diárias de crimes violentos a serem cometidos quase sem excepção por indivíduos de outros países. Até concordo com ele. Sou contra qualquer tipo de discriminação gratuíta e imediata. Mas factos são factos. Ao abrir as portas, Portugal importou a criminalidade. A livre circulação de pessoas e bens também significa o facilitismo para os actos criminosos. Isto não é ser xenófobo. É ser realista. E se não se admitir o facto, dificilmente vai haver uma solução para o problema. A crise económica do país, com cada vez mais portugueses a viver na miséria e com falta de dinheiro, não vai facilitar as coisas. Um dia uns podem decidir que, se vêm para cá uns roubar ou matar e até em alguns casos, escapam com impunidade, então porque não os da casa? É perigoso.


Agora a polícia está a desenvolver unidades especiais de combate ao crime violento. Sim porque, se formos a ver, Portugal tinha indivíduos mas unidades, um esquema organizado que necessitasse de labutar incessantemente, talvez não fosse o caso.


Temo muito que o que vejo na televisão, nos filmes e séries americanas, passe em pouco tempo a ser a realidade portuguesa. E andem polícias e criminosos, envolvidos nestas teias de crimes e corrupção, em que o que é certo e errado é cada vez mais uma definição subjectiva, difícil de definir. Não pode nunca ser assim, ou seremos todos bandidos.


No meio de tudo isto, apetece-me agradecer aos indivíduos incógnitos e invisíveis, que fazem do combate à violência e à criminalidade a sua profissão. Todos os dias estão actualizados com tudo o que o ser humano tem de pior. Vez e vez sem conta. Talvez também eu, se tal tivesse de ser, conseguisse ter essa vida. Mas não aguentaria. É que de noite, quando se quer dormir e pensar noutras coisas, os pensamentos viajam para as visões macabras do dia.


Ás vezes penso que devemos todos nos comportar como antigamente. Sermos pró-activos e agir de forma popular. Pegar no chinelo em riste e ameaçar o malandro que vem perturbar o bem estar da vizinhança. Afinal, o povo unido, jamais será vencido.


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