domingo, 1 de março de 2009

Endocrinologista

O telefone toca o som de chamada. Após demasiados anos a pensar no assunto, estou a ligar para marcar uma consulta com um médico endocrinoligista. O telefone toca e de repente, uma voz.
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- Consultório X, bom dia?
- Bom dia. Queria saber o que preciso fazer para marcar uma consulta.
- Qual é o seu médico?
- Não tenho.
- É para quê?
- É para marcar uma consulta de endocrinologia.
- A senhora é paciente aqui?
- Não. É a primeira vez que li...
- Já veio a alguma consulta de endocrinologia?
- Não.
- Tem 65 anos? 60?
- Não!
- Então tem que idade? 55, 50 anos? Há quanto tempo entrou na menopausa?
- Eu...
- Para marcar a consulta à senhora, tem de me dizer a sua idade para colocar aqui na ficha. Vêm à consulta de endocrinologista senhoras na menopausa, entre os 60 ou 50 anos. A senhora tem mais de 50 anos?
- Hã... deixe estar. Tento mais tarde.
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Porquê trouxe este diálogo com parecida verosemelhança palavra-por-palavra com o verdadeiro, ocorrido há cerca de 10 anos atrás?
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Porque lembrei-me. Acho que é um bom assunto para falar. Nunca esqueci. Achei estranho. Será que a dita especialidade médica destina-se só a senhoras que já tiveram a menopausa?
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A recepcionista do outro lado do telefone assustou-me. Precisei reunir coragem para fazer o telefonema. Foi um acto de amor-próprio raro, um gesto para cuidar de mim e da minha saúde. Para ficar bem, para poder estar bem. Andava nos 20 e poucos. Cansada, inchada, fraca, estranha. Pelos vistos, idade imprópria para um médico de endocrinologia. Precisava estar na menopausa e ter mais de 60 anos! Algo que os meus ovários a pulsar, me lembram não ser o caso.
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Deus me livre, querer consultar um endocrinologista! Que erro o meu! Que disparate! É só para mulheres na menopausa... acima dos 60 anos!
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Cruzes! Porque me foi calhar, naquele dia, naquele primeiro telefonema, uma anêmona?

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