sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Mundo invertido


Desde quando é que qualidades viraram defeitos na sociedade? Hoje em dia parece que as pessoas com certas características antes tidas como qualidades, são mais castigadas pela vida.
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No emprego, ao qual me entrego com dedicação, estou sempre a ouvir uns a falar mal de outros. Pelas costas, claro. Porque pela frente, são todos amigos...
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Sou uma pessoa organizada, muito tolerante, que nunca perde a paciência, não chama a atenção dos erros dos outros, e repito 1000 vezes a mesma resposta, se questionada 1000 vezes. Explico tudo com paciência, tolerância. Entrego o trabalho organizado e claro. Até um retardado conseguiria entender e seguir as instruções. Digo constantemente "obrigada". Quando chamam o meu nome, levanto-me e vou até a pessoa saber o que quer de mim. Faço-o 1000 vezes também, se preciso. E tudo isto... para quê? Que valor tem?
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Esta postura é minha, não tenho como alterá-la. Não a criei, não a inventei. É quem sou. Mas neste mundo de valores invertidos, parece que todos, às tantas, estão ali para te atacar. Há procura que cometas um deslize, para, sem misericórdia, te cairem em cima. Querem apontar o dedo na tua direcção e acusar-te de falhar. Parece ser uma meta a atingir, um dos muitos estranhos e retorcidos objectivos dentro do universo laboral. Entre colegas, com funções diferentes mas que se complementam, nem precisam todos fazer o mesmo... está lá. Uma espécie de "atitude maligna", viva como um microorganismo viral sempre atento para destruir uma célula saudável.
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Não entendo isto. Não entendo a preguiça constante, a falta de empreendedorismo, a falta de gosto naquilo que se faz, o facto de não incomodar não se fazer o que se tem de fazer da melhor forma possível e incomoda-me também, por não entender, PORQUÊ não se trabalha em Portugal com a cabeça no que interessa: a tarefa do momento. Estão todos demasiado ocupados a se lamentar da sorte. Só olham para o próprio umbigo. Preocupam-se com o dinheiro que o outro ganha, sonham com uma vida de Marajá que sempre juram a pés juntos merecer. Lamentam-se e maldizem o que têm, controlam os horários de entradas e saídas dos colegas para compararem aos seus e não ficarem um minuto atrás, não cumprem prazos, deixam as coisas para fazer até ao último minuto, não são muito pontuais...
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Gostava de me ver inserida num contexto laboral diferente. Dizem que, "lá fora", noutros países, não existe tanta mesquinhez no ambiente laboral. Lá fora, dizem, as pessoas trabalham de verdade - dizem. Não andam a mandriar (fingir que trabalham). E também se diz que há respeito e se convive amigavelmente, depois do expediente.
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Não deve ser tanto assim um mar de rosas mas tendo a acreditar numa coisa: deve ser verdade que, lá fora, sabem trabalhar com a mente centrada na função e deixam de lado as mesquinhices pessoais de relaccionamento. Os portugueses perdem muito tempo das suas vidas a se lamentarem do trabalho... e, com isso, sabotam a sua felicidade.
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Será que algum dia vamos aprender a viver mais felizes?
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