sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A vida devia ter câmaras como o Big Brother


Cada pessoa que já cruzou a nossa vida devia saber como foi que as suas acções foram influenciar a vida que levamos. Existe um filme antigo, com a Meryl Streep, em que ela, falecida, está no purgatório e, numa espécie de tribunal celestial, ali se mostra ao indivíduo parte das suas acções durante a vida e como isso foi influenciar quem os rodeia. Meryl descobre que vai para o céu mas o seu mais recente amigo do purgatório não tem tantas cenas de "flashback" para o ajudarem a conquistar o ambicionado descanso eterno no paraíso. O seu destino parece ser o inferno.


Eu desejaria, muito, muito, que isto fosse possível. 
Mas não é. Consigo «ver» sequencialmente a forma como cada acção de cada pessoa acabou por influenciar a minha vida. No que é que ela contribui ou contribuiu. E não gosto daquilo que «vejo». Gostava que cada uma dessas pessoas pudesse ver-se a elas mesmas, como eu as consigo ver. Gostava também que a nossa vida fosse toda televisionada, como um Big Brother, para que os "Zés Marias" se singrassem vencedores na vida e não somente num programa de televisão. Gostava que os "zés", admirados na televisão, não fossem na vida real enxovalhados, ficando vulneráveis à depressão, graças às atitudes exercidas por algumas das mesmas pessoas capazes de o endeusar se o "Zé" virar uma super-estrela. Mas se for anónimo ou cair em desgraça, vira carne para cão. Devia ser real. Sempre achei isso, desde menina, quando ainda não existia sequer mais que um canal de televisão, quanto mais reality shows. Faltava na minha vida essa câmara de gravar palavras e imagens que ia restabelecer a verdade. Cada pessoa devia rever aquilo que andou a fazer, as atitudes que tomou, o que fez que julga de bom e o que fez de mau. Devia ser verdade que cada palavra pronunciada é gravada e tudo será exibido em imagens. Fosse no trabalho, em casa, no café, na cama... Tudo devia ficar registado porque aí acho que muita gente deixaria de viver na ilusão de um Big Brother para VER. Ver quem é quem, realmente, e não apenas aquilo que pensam que são. 


4 comentários:

  1. O problema é que só se vive uma vez e não há lugar a ensaios!

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  2. Qualquer escolha na vida implica deixar algo para trás.
    Opções distintas, têm histórias igualmente distintas, mas não devemos viver sempre a pensar e a analisar os 'ses'.
    Senão não andamos para a frente e ficamos colados a possíveis hipóteses.
    Às vezes até acredito que essa opção fosse dar um 'jeitão' ... mas a vida perderia a sua graça.


    www.tarasemanias.pt

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  3. Mas, Portuguesinha, nem sempre o que se vê mostra tudo. Se assim fosse seria relativamente fácil. O problema é tudo o que dissimulamos, fingimos, escondemos, representamos, mentimos... Há muito mais mundo do que o olhar alcança.
    Beijinhos

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