quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Não gosto desta "solidariedade"

Procuro um evento solidário que me satisfaça. Quero doar o meu tempo a alguém - é esse o tipo de solidariedade que pretendo facultar. Navegando "por aí" em busca de tal agulha num palheiro, deparo-me com diversas campanhas de solidariedade. No facebook da ABRAÇO - cujo site achei insultuosamente vazio de informação, deparei-me com esta do vinho:


Fez-me pensar - por uns minutos. Mesmo sem perceber se o valor de compra faz referência a um pack ou a uma garrafa individual, com ou sem portes de envio, concluí não fazer muito sentido dar 15€ por algo cujo valor solidário é de apenas 3.50€. Está certo: recebe-se uma garrafa de vinho (é preciso pagar os produtores, os embaladores, etc), daí o valor solidário cerca de 1/4 do valor total. Mas sempre me parece fazer mais sentido doar a quantia total ddirectamenteao destinatário. Se o objectivo é doar, para quê produtos intermediários? Pretextos como casinhas anti-stress ou bonequinhos? Neste caso trata-se de vinho mas para mim é de pouca utilidade prática, pois praticamente só conheço abstémios.


Depois desta "passei" pelos Peluches IKEA. Cada venda representa a doação de 1€ para a solidariedade.  Para quê pagar 10 euros por um boneco se apenas 1€ é solidário? Mas o que se está realmente a apoiar? O combate à violência e pobreza infantil ou o incentivo às vendas de Peluches da marca?

Estes "dilemas" são constantes. Tudo parece-me algo contraproducente. Embora admire e entenda, até certo ponto, o quanto este género de coisa pode facilitar a obtenção de receitas caridosas, já que as pessoas gostam de comprar, parece-me também que muitos se aproveitam para tirar proveito próprio, não só para vendas como para operações de marketing e publicidade. E acho isso pouco ético ou bonito. Além de que não me parece sensato o "consumo" de tanto produto «beneficente». Se o objectivo for apenas de consciência social, de ajuda ao próximo, porque não "dispensar" os subterfúgios? Claro que, a menos que já se vá comprar aquele peluche, ou se precise mesmo de vinho, não vejo porque não optar por um destes. Mas o chato é que não são uns peluches quaisquer que as crianças querem, nem os que apreciam vinho gostam de uma marca fora das suas preferências. E assim não me parece eficaz um «desvio» aos gostos pessoais com fim caridosos.



1 comentário:

  1. Muito pertinente esta observação. Vendem um porco para doar apenas um chouriço...

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