quarta-feira, 3 de junho de 2015

Lembranças do Passado... e da gata

A propósito do momento que a S atravessa, lembrei de uma história do passado.


Uma vez apareceu-me uma gatinha muito pequena no alpendre de uma casa de férias. Miava no que me pareceu ser um miar de fome. Peguei-lhe ao colo e aquele pêlo eriçado e áspero fez logo impressão à minha mão. Ela vibrava. Mordeu-me com força no mamilo. Aquilo doeu e assustou-me, fez-me sentir invadida mas ao mesmo tempo surpreendeu-me que o animal soubesse que sou fêmea com glândulas mamárias. Era ainda uma pré-adolescente. Fui procurar leite para lhe dar. Preocupei-me com a sua sobrevivência e estado algo debilitado. Julguei que era órfã, ou que a gata que a gerou a tinha rejeitado por alguma razão que só a natureza sabe dizer. Fiquei com ela alguns dias, sem ver sinais de outras crias ou de uma gata. Não tinha autorização de a manter dentro de casa e de noite tinha de a deixar lá fora, no relento, sem saber se a iria encontrar ali no dia seguinte. Falaram-me de imediato que não me deixariam ficar com ela, porque era um animal que podia estar cheio de doenças e ser perigoso, e que os gatos sabem sobreviver sozinhos por natureza. Por isso «era estúpido» prestar-lhe cuidados. Quando chegou a altura de partir não mudaram de ideias e não deixaram que a levasse para casa. Ainda tentei argumentar, embora soubesse que seria em vão. Encontrei algum alívio quando soube que um senhor idoso que se sentia muito sozinho, tinha aceite ficar com a gata. E eu poderia saber como ela estava depois. 

Tempo depois - não muito, regressei ao local e procurei saber da gatinha.
- «Morreu» - disseram-me.  "Morreu logo a seguir, poucos dias depois".
(horror!)
- "Morreu enforcada". 
-"Como assim, enforcada?!"
-"Estava presa pelo pescoço com uma corda, para não fugir, saltou de um muro e morreu". 


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