sexta-feira, 28 de abril de 2017

Não dou para Bruxa Má

Não dou para Bruxa Má

Disse aqui que ia gastar gastar mais eletricidade no intuito de ver o depósito esvaziar mais depressa para se ter de fazer outro mais rapidamente. Pois não dou para bruxa má... Não dou não. Fiz isso nos primeiros dias, depois não quis saber. Nem uma lâmpada deixo acesa. NÃO DÁ PARA CONTRARIAR A NOSSA NATUREZA e eu sou péssima para actos de maldade. Se bem que não era uma maldade, no meu entender, era uma reposição de uma injustiça para uma justiça. Seja como for, constatei várias vezes que não preciso fazer nada. Alguém consome mais do que eu consigo consumir me esforçando para isso. Se eu só consegui gastar 22 centimos em 2 horas, em 24h alguém conseguiu gastar 2 libras. Para quê me preocupar, certo? 


quinta-feira, 27 de abril de 2017

Ravioli - quem se lembra?


Sem querer denunciar a minha idade vou perguntar-vos se alguém aí desse lado está lembrado de uma série de televisão infantil com o nome RAVIOLI.


Passou na televisão portuguesa há muitos anos. Mal me recordo dela mas, por algum motivo, voltei a lembrar ao passar na prateleira do supermercado e ler nas latas expostas a palavra Ravioli


A série era com miúdos - acho que do tipo "aventura dos 5". Só sei que se metiam em trapalhadas mas no início, meio e no final de cada capítulo todos acabavam a comer Ravioli


-"E o que é que vos apetece agora?" - perguntava alguém ao final do dia, após as peripécias de uma aventura empolgante.

E gritavam todos:
- "Comer Ravioli!"


Na série os armários da cozinha apareciam cheios dessas latas, de rótulo amarelo com letras vermelhas. Parecia que comer Ravioli era uma festa, de tanto que eles se entusiasmavam. Uma reação semelhante ao que a juventude de hoje tem com a pizza. A mim aquela massa em molho de tomate parecia-me algo sem graça. Mas subitamente, agora adulta, ao ver as latas, apeteceu-me descobrir novamente que sabor tem o Ravioli.

Pois posso dizer que é o que na altura deduzi: uma bosta. Uma forma de merchadising muito bem metida pela série Alemã que a criou - provavelmente. Mas o sabor - pelo menos desta lata que comprei, não deixa advir nada de mais requintado e empolgante, mas nem que fosse feito num restaurante gourmet ao invés de vir da latinha de alumínio. 

Ravioli: Alguém é servido?

O melhor do Ravioli é o molho de tomate. Depois é a massa e por fim, o recheio só serve para uma coisa: cuspir fora e dizer: Blhac!

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Não são só coisas más...


Temos tendência a vir desabafar num blogue aquilo que nos atormenta ou preocupa. Porque um blogue é quase como um diário, um confidente. E a natureza do ser humano é a necessidade de partilhar as suas aflições.


Claro que existem aquelas pessoas blogueiras que têm blogues neutros. Blogues pouco reveladores, onde se protegem e revelam apenas o essencial, sem poderem ser muito alvo de críticas, positivas ou negativas. 

Mas por termos necessidade de desabafar as nossas preocupações, por vezes parece que só temos preocupações. E por isso vim fazer este post. Para falar do «outro lado».

A respeito da minha situação de vida em casa partilhada, como sabem existiu uma situação desagradável com o anterior inquilino. Mas ele saiu e, sem ser por ocasionais emails que envia à senhoria por causa desta lhe querer reduzir valores na caução, não tenho qualquer contacto com a sua agressividade verbal. Para ocupar a vaga chegou uma rapariga da europa de Leste, bonitona e altona. Até agora só a vi naquele dia, por alguns segundos. De resto, ela faz a vida dela, cada qual faz a sua e não nos cruzamos. Não é quase nada barulhenta e isso agrada-me. Acho que esta casa está a ficar cada vez mais com um bom potencial de inquilinos. 

A rapariga do andar de baixo e eu damos-nos bem. Existiu um periodo de tempo em que ela manteve a distância e mal a via. Isso perturbou-me, porque achei que era intencional. Mas se foi, nada tinha a ver comigo em particular. Desde então já ficamos as duas horas a falar uma com a outra, sobre todo o tipo de assunto e só paramos porque ambas tinhamos algo que fazer e já estava a ficar tarde. Ela também me pediu para verificar se tinha fechado a janela do quarto dela quando se ausentou - gesto que gostei, por demonstrar confiança.

E então queria deixar isto claro. Embora em me foque mais no que não acho muito bom, também tenho coisas positivas para contar. Gosto do meu trabalho - o que não me surpreende e ao mesmo tempo acho que devia surpreender. Eu gosto de trabalhar. Sempre gostei. No quê nem era muito o dilema... Sei que não gosto de telemarketing e atender telefones. ISSO não gosto. Mas qualquer outro tipo de emprego, não vejo com maus olhos. Nunca vejo nenhuma ocupação dessa forma. Consigo sempre encontrar prazer e satisfação naquilo que faço. E sou feliz a aprender e a executar tarefas.

E agora que a pressão que vinha a acumular se esvaiu, estou mais livre. Apetece-me não meter mais nada para dentro. Nada! Eu sei o mal que faz... Mas também sei que é prudente não mandar tudo para fora, eheheh. Até porque eu não sou daquelas pessoas abençoadas com uma forma e um timbre de voz doce. Dessas que, mesmo quando dizem algo para magoar e atingir alguém, fazem-no quase parecendo que têm mel e não fel nas intenções. Comigo dá-se o contrário: é mais comum eu não ter qualquer má intenção nas palavras ou tentar brincar e ser interpretada como se uma alfinetada quisesse dar. Se eu disser: "Vê se me achas o caderno", não posso deixar de acrescentar "por favor". Já é algo que faço naturalmente, diga-se de passagem. Agradeço e peço por favor. Mas noutro dia estava com pressa, ninguém estava ocupado sem ser eu e eu pedi esse tal caderno. Pensando eu que foi um pedido normal... Mas a pessoa que escutou respondeu que pareceu autoritário. Se bem que essa pessoa sofre do mesmo problema.

Então é isso. 
Existem duas categorias de pessoas no que respeita às suas habilidades de comunicação interactiva: as que são mal intencionadas mas dão as suas alfinetadas com aparente inocência, dotadas que são de um bom timbre e entoação de voz e as que... não. Não tenho um bom timbre e quando aprendi a falar, aprendi dando mais ênfase a certas sílabas, o que faz parecer que sou autoritária. Isto é muito curioso. Assim como há os "betinhos" e as "tias de cascais" - a forma de falar vai influenciar as conquistas na vida. Conheci uma rapariga de "bem", que falava normalmente mas, sem ela perceber, toda a sua postura era de "bem". E por ela ser assim a pesar de jovem eu soube como ia ser toda a sua vida. Sabia que conquistas não ia fazer, sabia como ia seguir o seu rumo profissional, soube como ia viver a vida de mulher madura, casada, com filhos... Há pessoas que já têm o seu destino estampado na testa.

Enfim... devaneios.
Me desculpem, estou a escrever sabendo que daqui a 2h tenho de ir trabalhar, ehehe.

Deu-se a erupção - tal e qual o vesúvio!


Já o vinha a sentir há muito tempo. Mas controlava-o. Porém, naquele instante senti-a subir por mim, atravessando-me o corpo direto à acção. Como se esta fosse lava e eu um vulcão que entrou em erupção.

O que aconteceu no meu corpo e o percorreu de baixo a cima foi um forte sentido de indignação diante de injustiças sobre as quais não pude mais me silenciar.


Eu venho a ser vítima de bulling no emprego.
Caraças para mim, e para a minha personalidade! Tenho tendência a aguentar este tipo de coisa e por isso a pessoa que gosta de praticar bulling cedo percebe que aqui tem terreno fértil e pode abusar.


Já não é a primeira vez que sofro disso no emprego. Acho que todos nós acabamos por nos sentir assim, pelo menos uma vez. No meu caso, o autor desses actos é um indivíduo de muito baixo nível, sem eira-nem-beira e por isso também nem lhe devia dar importância. Mas permiti que ele me maltratasse, daquela forma rasteira que os bullings gostam de usar. Primeiro desculpei-o: "era o stress! Alguma preocupação daquele dia...". Depois procurei convencer-me que, se mostrasse um trabalho bem feito, o indivíduo o reconheceria e deixaria de ser tão implicante.

ESTAVA REDONDAMENTE ENGANADA.
Como aliás, sempre tive.
Pois sempre achei o mesmo, sempre agi igual, e sempre me enganei.

Desde finais de Janeiro até hoje, tenho no emprego um «chefe», alguém com cargo superior que comanda a «equipa», que tem vindo a maltratar-me de todas as formas que consegue - sendo especialmente cruel nas indiretas. Sim, porque um confronto direto e claro não é hábito de quem pratica bulling. É preciso perceber que um praticante de bulling é, na sua essência, um cobarde que não gosta de si mesmo. É um infeliz. E por isso procura alguma satisfação na tortura psicológica de outros. E como não gosta do que vê no espelho, procura convencer-se que é o melhor, infalível, perfeito.

Pois aqui à uns dias ele voltou a fazer-me uma coisa que sempre teve o hábito de fazer: dirige-se a mim, a criticar o meu trabalho dizendo que eu causei um grave problema e vira as costas, dizendo que não me quer ouvir. Impedindo-me mesmo de me explicar, de abrir a boca! Acusa, acusa, acusa, aponta o dedo e tapa os ouvidos. Este tipo de postura, mais o nunca olhar nos olhos quando lhe dirijo a palavra, o não me responder claramente quando lhe coloco uma pergunta sobre o trabalho que precisa de resposta imediata, o responder por grunhidos e sons primários, como se fosse um homem do tempo das cavernas (sem querer insultar estes que, desconfio, eram dotados de maior inteligência do que se supõe e certamente muita mais que este indivíduo). Pois por ele agir assim, eu reagi - pela primeira vez. Respondi-lhe que ele vira-me sempre as costas e não me deixa falar. Sendo assim, eu também não o ia ouvir.

Ele refila, eu refilo, ele volta a chamar-me à parte mas EXIGE duas testemunhas. E chama duas amigas mais próximas (prejudicando assim o andamento do trabalho, porque deixou apenas uma outra a fazer o trabalho de três). Saímos do local público e vamos para o corredor. Eu continuo a andar e bato na porta da gerência, dizendo que ele quer falar comigo em particular mas com testemunhas e pelos vistos em também ia precisar delas.

Só a gerente é que me perguntou o que se passou. Ele, e as «testemunhas», só souberam tirar conclusões precipitadas. Tão preocupados que estavam em passar a ideia de que eu tinha cometido uma falha gravíssima. Ora, na minha perspectiva, uma EQUIPA trabalha em grupo e não de forma a querer apontar o dedo podre aos outros. Eu cometi um erro muito compreensível e nada grave. Mas ele estava a ser extrapolado para um nível de gravidade que eu considerei absurdo. Eu pedi desculpa ao cliente - que julguei que se tinha ido embora - afinal, o que ia embora era outro. E fiz o que me mandaram e o que somos instruídos a fazer. Mais nada. 

Um pequeno equívoco, sem consequências de maior - que o indivíduo estava a querer transformar numa avalanche com mortos e feridos. Não aguentei. Fui direta à porta da gerência... Quando me expliquei, pensei eu (mais uma vez estava errada), que o indivíduo tinha percebido o exagero dos seus atos, o erro da sua presunção, tinha percebido que é ERRADO não querer escutar uma pessoa - ainda mais sendo ELE o que chefia a equipa! Um chefe que não escuta nem estabelece contato visual, sem ser para mandar vir.... Não é lider. É só chefe. E dos muitos maus.

Passados dois dias - um dia que começou maravilhoso para mim, estava bem disposta, tive alguns desafios no trabalho que superei adequadamente e tudo estava a correr bem e tranquilamente. Subitamente o «chefe» aparece-me à frente acusando-me de errar novamente, um erro muito grave, correspondendo a 1, 2 e 3. E eu fiquei a escutar e a pensar: "1,2 e 3?? Mas eu não fiz nem o um, nem o dois, nem o três. Ou fiz?? Não, não fiz. Deixa-me cá expressar a minha dúvida". Abro a boca e só consigo dizer um A, da palavra ACHOSó. uma sílaba apenas. Ele corta-me a palavra para me repetir, mais uma vez, que escuso de falar, não quer escutar e vira as costas. Eu fico revoltada e vou novamente para a porta da gerência. Bato na porta - ninguém abre. Volto a entrar no sítio e escuto-o a dizer: "Temos um sério problema, um problema muito, muito grave". Aí eu lembrei de ir espreitar no computador quem é que tinha feito o 1,2,3. Enquanto procuro o ficheiro, escuto-o a dizer à restante equipa que a culpa é MINHA, que eu sou a responsável pelo grande, grave erro. Olhem, foi esse o gatilho. Foi nesse instante que me subiu uma revolta que peguei no papel impresso para lho mostrar e acabei por o «espetar» mesmo diante da cara e gritei:
-"Foi fulano X, não fulana XY"!

Ele fica a fazer-se de vítima. Mas eu não percebo que ele automaticamente assumiu essa postura. Ele encosta-se contra a parede, abre os olhos, a boca, faz-se de espantado (e talvez estivesse) e depois vai para a outra porta e eu vou atrás ou nem me lembro sinceramente. Só sei que lhe grito - faço questão de gritar para que se escute (e aqui foi o meu erro) que ele é um bully e que vou apresentar uma grande queixa contra ele. 

A coisa acabou por aí. Ou não... Porque enquanto eu aguardava a presença de um gerente, para expor o sucedido, ele andava pelo local de emprego a falar do sucedido, a fazer-se de vítima, a dizer que tinha os clientes do lado dele, a falar com todos os colegas... Sem se calar sobre o assunto, até a hora de fecho!! 



E eu estoica, muda, sem ter ninguém a mostrar um sinal remoto de estar do meu lado ou simplesmente se preocupar comigo. Só me descontrolei ali. Recupero a noção e a calma muito rapidamente. Acho que ter tido aquela explosão incontrolável é compreensível, estando a ser alvo do mais reles, baixo e estúpido bullyng que existe, desde finais de Janeiro. Quando escrevi este post aqui, datado de Março, já estava a chegar a um ponto de não aguentar mais.

Mas agora vai haver uma investigação - foram escutadas as testemunhas. A mim não me ouviram mais, a pesar de me terem dito que teria de prestar um depoimento e assinar em baixo. Vão ouvir as duas versões e o caso vai ser investigado. Aqui levam muito a sério este tipo de coisa! Mas só de forma processual. Porque o indivíduo é de apertar os botões com toda a gente. Até a um leigo é possível ver que é a pessoa errada para a função que desempenha. Além disso, ele também pratica outra coisa totalmente condenável por terras de sua majestade: arassment. Ele assedia a clientela feminina com piropos vulgares, com comentários tipo "comia-te toda". Mas como o gajo é português, faz os comentários em português. Quem já o conhece e não é tuga, sabe o que ele diz. Dá para entender na linguagem corporal. Uma vez um gerente até lhe disse que um dia ele ia entalar a língua de tanto a esticar para fora. Portanto, ELES SABEM. Mas nada fazem. Estão sempre à espera que aconteça algo mais sério para terem um pretexto para agir.

E vou ser eu o pretexto...

Não foi só dos foda-se caralho que eu me cansei. Era o bulling, o constante rosnar, gritar. O assédio às mulheres bonitas, os insultos às menos bonitas... O stress do indivíduo, a sua forma autoritária de ser. Um wanna be nazi salazarista! 

E pronto. As novidades são estas.
O resultado disto tudo só o saberei daqui a uns dias. Posso ser demitida - embora ficasse algo desapontada se isso acontecesse diante do primeiro erro sem ter direito a segundas oportunidades. Até porque a reacção que tive foi muito contra-natura. Não tem nada a ver comigo. Foi mesmo a pressão constante, o mesquinhismo das implicâncias, as falsas acusações, o comportamento rude de me proibir de falar e virar-me as costas. O empenho do indivíduo em me fazer querer passar por incompetente, o andar a DIVIDIR a equipa, a tentar por uns contra os outros... Uma merda de «chefe». Nem para bosta fertilizante serve.

Agora deixem-me tentar descansar uma hora... São um quarto para as duas e às 3 da manhã já vou estar a sair de casa em direcção ao emprego.

Só espero que esta falta de sono não prejudique o meu raciocínio e capacidade de argumentação. Devo precisar dela nos próximos dias.

PS: Preciso acrescentar um grave, sérissimo, grande detalhe: Depois de expor toda a situação e de ficar uns minutos a me acalmar (eu quis ir embora e dar o dia por terminado - só que aqui eles não são muito disso) e após ter entregado o recibo impresso que indicava o autor à gerente, voltei ao trabalho e optei por fazer uma cópia para mim. Tal como pressumi, aquela que fiz já tinha "desaparecido". Pois adivinhem o tamanho da minha surpresa quando desta segunda impressão o papel sai com o meu nome!! Como se tivesse sido eu a autora do dito. Não fui. Tinha a certeza absoluta disso. E então fui verificar todas as operações que eu fiz. Em nenhuma acusava o meu nome. Mas mandando imprimir aquela específica, estava agora a sair com O MEU NOME no papel. Quando antes, quando o imprimi, saiu com o nome da pessoa que realmente cometeu o "grande, grave, sérissimo erro" (que passou o dia todo a sorrir como se tivesse a fumar erva, pelo que vou deduzir que não foi chamado a atenção e nunca seria com a mesma agressividade com que eu fui, por um erro grave, sérissimo, grande - que não cometi). Portanto vou deduzir que ALGUÉM aldrabou os registos de forma a ser o meu nome a aparecer. E se isso vier a ser provado (logo na altura asseguraram-me que o computador registou que quem fez a coisa foi o outro) acho que muito me beneficia. Agora se disserem que foi um «erro de computador» para inocentar o outro, não vou gostar. Porque não foi. Quando imprimi - depois das acusações que me foram feitas - saiu corretamente. E nunca vi tal coisa acontecer -  mudarem o nome do autor. Portanto vou deduzir que o individuo, medroso, para tentar tapar o seu erro, fez algo no sistema para ser o meu nome a aparecer, ao invés do outro. E se assim for, o seu mau carácter fica provado. Não fica??

terça-feira, 25 de abril de 2017

Quando percebemos que somos mais pobres do que pensávamos


Então, ando a ver locais para visitar em Londres.
Pesquisa aqui e ali... tentar perceber o que agrada mais, o que vale mais a pena.

Encontrei um edifício com vista panorâmica que tem também hotel. Já esperava, claro, um preço altérrimo para o meu bolsinho. Mas ainda assim quis espreitar. Quanto cobrariam por UMA NOITE num dos seus quartos? Pois descobri que serei sempre «miseravelmente pobre» diante de alguns luxos existentes apenas para uma pequena minoria. Uma estada de uma noite numa das suas suites, o mais barato que consegui ver, foi de 500 Libras.


Alguém quer emprestar-me algum??

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Eis o que decidi fazer


Não sei se é correto ou não.
Mas decidi agir de uma certa forma em relação ao carregamento da eletricidade e o gás.

O que decidi fazer foi GASTAR o máximo que puder.
O que não é fácil, numa casa cheia de gente onde quase nunca estou sozinha e quando os meus hábitos nunca se prestaram a isso.

Se a nova inquilina não contribuir nos próximos dias, vou ter este comportamento. Não sei até que ponto ela foi informada sobre como se procede aos pagamentos ou até que ponto está interessada. Não foi comigo que ela falou, pelo que não sei. Mas como conheço um pouco o indivíduo, não me espantaria que ele lhe tenha dito que não terá de se preocupar com isso. O facto é que em menos de 48h dela se mudar, a luz desligou-se. Mas como temos um fundo de emergência no valor de 5£, podia-se muito bem usar esse dinheiro para os dias seguintes, como aliás, já havia sido feito anteriormente. As cinco libras podem durar até cinco dias - depende do uso. Acho que na outra ocasião, em que era inverno e se ligava sempre o aquecimento central, ficamos 3 dias a consumir o fundo de emergência até que se fez um novo carregamento. E agora que é verão e o consumo diminuiu, o indivíduo não aceitou diminuir a prestação de carregamento para as 30 libras, como havia dito que ia acontecer aquando a chegada do verão, nem quis esperar 48h, incluindo assim nas despesas a nova inquilina, que decerto ia consumir o gás e eletricidade que precisávamos carregar.


A realidade é que, em menos de 48h  da nova inquilina se mudar, a pesar de ainda se ter o carregamento de emergência para se consumir - o rapaz insistiu para que só nós os três carregássemos a eletricidade e o gás de forma a durar estimadamente 2 meses. A nova inquilina ficou excluída de contribuir, mas vai ajudar a consumir.

Então eu decidi dar-me liberdade para consumir.
E ontem, ao acordar, decidi ligar o aquecimento central... por algumas horas. Acendi o fogão eletrico, cozinhei um bocadinho (não cozinhava desde o Natal), deixei o bico ligado e só desliguei tudo quando saí para ir trabalhar. 

Hoje, segunda-feira, também tenho o dia para mim. Voltei a ligar o aquecimento central.

Para saber se isto resulta ou não, fui até o quadro de eletricidade - que expõe «o saldo» disponível como se de um telemóvel se tratasse e tirei uma fotografia ANTES de ligar tudo. Passadas duas horas e 20 minutos, tirei outra foto. Pensei eu que ia ver uma diferença brutal e tal... Mas nem uma libra foi consumida! Apenas consegui gastar 44 cêntimos.


Fiquei um pouco decepcionada mas... de vagar se vai ao longe.
Hoje ao despertar, voltei a tirar outra fotografia ao quadro. Para meu espanto, desde que saí de casa já ao final do dia até o momento desta nova fotografia - o quadro já denunciava 1.42£ de diferença!

Gastou-se mais na minha ausência, durante a noite, do que durante as horas em que de tudo fiz para consumir eletricidade. O que me faz pensar quem é que gasta o quê, quem é que durante a noite conseguiu ligar aparelhos tão consumidores de energia.

Às tantas nem vou precisar de me esforçar muito. O próprio gás consumido durante a minha ausência totalizou quase 2£ - mais ainda que a eletricidade.

Mas o que me dizem disso? Estou a ser mesquinha?
É que me cansei de ser usada para pagar mais do que consumo...

Está certo que não é possível estipular quem consome o quê. É obvio que o rapaz, estando mais tempo em casa, cozinhando todos os dias no forno elétrico e tendo não sei quantos aparelhos eletronicos no quarto - vai consumir mais que os outros inquilinos que passam mais tempo nos seus empregos. Esse facto não me incomodaria - não fosse pela atitude abusadora e descarada do próprio - a apontar dedos na minha direcção e exigindo que eu pagasse mais, e agora «forçando» um pagamento para excluir a nova inquilina. O que ele se esqueceu é que a luz e o gás duraram 2 meses desta última vez (de acordo com ele) porque eramos QUATRO a pagar. E também porque o rapaz que saiu desta casa deixou de consumir a sua parte uma ou duas semanas antes de sair definitivamente. 

Por enquanto vou distrair-me a tirar fotografias ao quadro - coisa que também só posso fazer quando estou sozinha, porque o indivíduo controla todos os movimentos de terceiros. A chave que abre o quadro está na cozinha, o quadro está na rua e o indivíduo gosta de saber o que se anda a fazer. Mas agora fiquei curiosa para saber se vai ser consumida mais eletricidade quando estou a me esforçar para isso, ou quando estou ausente.

Abraços e bom início de semana para todos!!

PS: Passadas duas horas só foram consumidos 22 cêntimos!
Concluí que o fogão é o que mais consome energia, pois ontem liguei os 4 bicos e gastou-se o dobro no mesmo periodo de tempo.

sábado, 22 de abril de 2017

Nova inquilina

Vou ter uma nova inquilina na casa. Ela vai ocupar o quarto vago pelo outro. Só a conheci hoje, pelas 10h da manhã, muito rapidamente. Altona e atraente, como quase todas as mulheres da europa de Leste são. 

Mas isso são detalhes que não me importam. O que quero é que ela seja sossegada e não faça barulho. Porque adoro o silêncio que existe nesta casa e temo - é o meu único receio - que ela seja daquelas que se fecha no quarto a falar ao telefone durante horas ou a ouvir música ou televisão com o som muito alto. Espero que não seja barulhenta por si mesma.

Mas como em tudo na vida, nunca se sabe. Pode ser que seja sossegada... Embora tenha entrado pela porta de casa já a falar alto e a dar risadas. Sabendo ela que eu tinha dito que estaria em casa a tentar dormir porque chegava do trabalho às 2h da madrugada.

Isto é um mau presságio?

É engraçado: quando as pessoas querem um quarto são todas simpáticas, aceitam tudo, nada as incomoda... O quarto é o que aqui eles chamam de um boxing room. É pequeno, cabe uma cama e pouco mais. Tanto assim é que o armário para a roupa fica no lado de fora. Mesmo em frente à porta do meu quarto. Portanto, ela para se vestir, terá de tirar a roupa do armário e abrir e fechar duas portas: a do quarto e a do armário - ambas perto da minha porta.

O que reparei é que chegou com tanta tralha que é impossível que caiba tudo naquele quartinho! E acho que as pessoas têm uma grande cara-de-pau quando dizem que não se importam que o tamanho do quarto seja reduzido, porque só cá vêm dormir e tal... ACHO QUE É CONVERSA.

Preferia ter como colega de casa uma pessoa pouco atraente fisicamente. Porquê? Porque existe uma tendência a não usarem a beleza para conquistar o que querem. E também existe uma maior possibilidade das pessoas que cá estão não se deixem encantar tão facilmente. O colega do sexo masculino já mudou de postura. Limpou a casa toda antes da chegada dela, arrumou tralha que deixava espalhada pelas áreas comuns da casa, sem se importar com os restantes que a usam. Disse-me que parecia muito simpática. O que para mim não quer dizer muito. Ás vezes a simpatia é só uma ferramenta para alcançar objectivos. Conheci tantas assim. 

Esta foi muito esperta, avançou logo com o sinal. Disse que o tamanho do quarto não lhe importava. Mas trouxe mais tralha do que aquela que lá cabe. Só de se mexer lá dentro já deve fazer um banzé, porque não tem espaço.

Eu descobri noutro dia - aqui há 2 dias - que gostava daquele quarto. E não gosto do meu - concluí.
Partilhei isso com os dois colegas cá de casa, porque é mesmo verdade. O quarto pequenino pareceu-me tão aconchegante e muito mais iluminado que o meu. O meu é frio e mesmo agora no tempo mais quente, continua gelado de noite. A luz só é mais forte de manhã, quando quero dormir. Se acordo cedo todos os dias, é porque o luz atravessa os estores e as cortinas, iluminando tudo. Sei que se colocasse uns cortinados pesados do lado de dentro, a luz bloqueava. Mas isso requer fazer uma mudança no quarto e para isso preciso da autorização da senhoria, que por vezes é de humores e pouco tolerante a novas ideias.

Ela escreveu-nos a dizer que o vizinho ia mandar vir um contentor para o lixo e como temos lixo aqui armazenado no quintal que está abandonado, ela ia pedir para o meter lá. Só que ontem voltou a escrever, dizendo que não conseguiu abrir a porta da cozinha quando cá veio (é só rodar a chave e ela abre por ela mesma) e por isso não lhe foi possível verificar a quantidade de detritos, pelo que já avisou o vizinho para não contar com nada dela.

NA REALIDADE, o que deve ter acontecido é que ela não ficou contente com o preço que teria de pagar pela METADE do uso do contentor - fosse dos pequenos ou grandes - e inventou esta desculpa para não gastar dinheiro.

Infelizmente, ela é desse género.
Se o gastar - gasta porque será outra pessoa a pagar.
É bem capaz de «depositar» os custos da remoção dos detritos nas nossas rendas. Só para economizar um centavo.

BOM,
mas com a senhoria não tenho de me preocupar por agora. Uma coisa de cada vez...
Já estou a adivinhar que o rapaz cá de casa vai desfazer-se em simpatias para a nova inquilina. Para já começou com um gesto que eu não gostei. Insistiu para que pagassemos a eletricidade para os próximos dois meses SEM a incluir nos gastos.

Aqui o que se paga não é a eletricidade que foi consumida. Como em Portugal. O que optamos por fazer é uma espécie de carregamento como nos telemóveis: depositas saldo e vai-se gastando. Depois quando termina, depositas mais. 

A eletricidade e o gás são pagos assim. Por carregamentos.
E eu achei mal que a rapariga vem para cá morar hoje e todos os banhos que tomar, todos os cozinhados que fizer, toda a eletricidade que gastar é à conta do depósito feito por mim e pelos outros. Se ela der a sua parte já de seguida só acho é bem. Mas temo que o parvo do homem insista para que não pague, forçando-me a ter de me ver na situação e estar a pagar para outra usar.

No que respeita a isso ele é um prego torcido. Quando vim para cá morar o tipo insistiu que eu tinha que dar a minha parte, MAIS metade, por ter cá ficado 5 dias sem usufruto da cozinha ou dos utensílios da casa, excepto a corrente de luz para o computador. 

Eu achei um absurdo. Podia dar algum mas metade... se não consumi nada?
Ele insistiu, insistiu... só o outro que se foi é que não concordou e então o gajo recuou. Paguei o mesmo que os outros, e não MAIS. Mas ele queria que eu pagasse e ficou chateado - mas disse que não ligava a dinheiro. Primeiro, disse-me que a decisão era de TODOS NA CASA. Mas era só dele, porque os outros nem sequer sabiam da situação. Eu ainda não tinha emprego e estava a ter despesas brutais, pagas em euros. Tive de pagar 3 meses de renda em adiantado e deixar um depósito de 600 libras - que a senhoria ainda guarda para ela. E ele estava a querer «chular-me» mais, como que se me quisesse punir. 

Agora, se ele se revoltou por 5 dias de uso de corrente eletrica paga por eles, como é que eu me vou sentir por DOIS MESES de uso de TUDO sem restrições, a serem pagos por mim??

Mas eu entendi logo que ele tinha regressado àquela sua forma de ser e encontrou nisto uma forma de me punir - como foi sempre o seu intento.

Eu e a outra rapariga já tivemos muitos problemas com ele. E como ele tinha problemas com o outro tipo, e depois com ela, que lhe respondeu não gostar dele, o que ele fez foi "aligeirar" a sua atitude comigo e tentar ser simpático. O que conseguiu. Porque é muito chato viver numa casa com mais 3 pessoas e nenhuma gostar de falar contigo! E era o que lhe ia acontecer. Ao menos uma pessoa ele tinha de conquistar... E como eu não queria estar de mal com ninguém, falei-lhe sempre bem, mas sem querer muita intimidade.

Mas ele é de humores e de mudanças súbitas. Amanhã pode voltar a torturar-me, como começou de início. Ele é do tipo de mói a cabeça da pessoa cada vez que se cruza com ela. Põe defeitos em tudo, acusa-te de fazer tudo mal, de seres responsável por tudo o que não está bem... Mas acha-se uma pessoa muito compreensiva e tolerante, com capacidades fenomenais para interagir com as outras. E por isso decidiu tirar um diploma em psicologia - o que me disse ter concluído recentemente.

Coitados daqueles que se cruzarem com a sua psicologia...

(mais novidades para depois, que agora tenho de me apressar. Working time!)




sexta-feira, 21 de abril de 2017

Sinto-me morta.
Fui eu que me matei, ou mataram-me?
I don't think they have freebies in this country.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Os ingleses trocam-nos as voltas (e outras coisas mais)


Estava aqui com o pensamento a viajar...

Hoje ajudei um colega a melhorar o seu inglês por simplesmente lhe explicar que serviettes queria dizer guardanapos. Ele foi-me chamar porque não entendeu o que lhe estava a ser perguntado. Quando lhe expliquei com um gesto, ele respondeu:


-"Ah! Napkins!"




Mas porque é que os ingleses têm de complicar tanto as coisas?
Quase todas as palavras que possam imaginar usar - eles usam outro sinónimo.  Lixo, por exemplo... Existe a palavra garbage, litter (meio inglesa, até aparece identificada nos cestos de lixo nos parques). Mas eles usam alguma destas mais populares e conhecidas? Não!! Eles usam rubbish.

E parece-me que o meu colega tem razão... Serviettes é palavra francesa que muito me admira que estes puristas da língua inglesa se prestem a preferi-la a Napkins. É que, à boa maneira inglesa, depois existem variantes de acréscimo para especificar que tipo de «napkins» a pessoa se refere. Por exemplo: Eles têm os paper napkins, tabble napkins e sanitary napkins.... Tão simples. Fazem referência a guardanapos de papel, toalha de papel para mesas e pensos absorventes femininos. Tão simples na terminologia deles e no entanto... vão à francesa!



Depois o meu pensamento viajou novamente para outra questão pertinente. Vão ver o quanto Kkkk.

Estava eu feliz a provar batatas fritas embaladas num pacote normal (e digo isto porque é raro encontrar pacotes cheios de batatas fritas. Aqui vendem pacotinhos dentro de pacotões. Normalmente um pacote de tamanho normal, contem outros seis pacotinhos. E o sabor... eh. Ainda não encontrei um que realmente gostasse). Então, dizia eu, estava contente por encontrar um pacote cheio de batatas quando reparo que o mesmo tem instruções em diversas línguas. Pus-me à procura da portuguesa. Contei todas as línguas disponíveis: 12 idiomas e NENHUM em português, carago! Até parece que não somos parte deste mundo. Ou que não estamos bem posicionados no grupo das línguas mais faladas mundialmente. 

É espantoso. Nem num pacote de batata frita que se dá ao trabalho de traduzir para 12 idiomas os seus ingredientes, portugal ganha algum destaque. Isto pode parecer supérfluo, mas não é. Um produto feito dentro da UE, mas que é traduzido para árabe, para tantas outras línguas e não o PT. Oh, tem lá um PT... mas quando vou a ver, parece polaco ou algo assim. 

Depois fiquei a imaginar escrever para a empresa a perguntar porque não traduzir também para português? Aí comecei a imaginar que isso não era feito porque eles não sabem que portugal existe. Devem pensar que somos espanha... E o pensamento volta a viajar para isto: "Que bom que não sabem que existimos. Assim não podem enviar terroristas". De modo que «desisti» de reclamar com a companhia que faz as batatas a falta da tradução em português... Eheheh. Eles que se «esqueçam» que existimos como nação. Até é bem melhor.

Por cá quase nada é traduzido. Até os produtos da Polónia - vendidos por cá, só aparecem nessa língua. Não há cá «traduções». Muito me espanta este tipo de centralismo umbilical...  Estas companhias são tão «cheias de si» que acham mesmo desnecessário abrangir o maior número de público nas suas embalagens. Como consumidora considero comum o acto de deixar na prateleira um produto cujo conteúdo não estou bem certa do que se trata - por desconhecer polaco ou outra qualquer língua estrangeira! Puro egocentrismo das marcas, que até parecem desconhecer que ´já se vive há muito tempo numa aldeia Global.


Só me falta dizer que estas batatas fritas sabem realmente a BATATA.
É outra coisa rara de acontecer por aqui.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Uma viagem à muito aguardada

Nesta terça-feira veio o sol.
E também melhorei da condição que me fazia sentir cansada e adoentada.

Decidi ir dar um passeio até uma cidade costeira. Passeio à muito desejado e constantemente adiado.

Acordei cedo (na realidade nem dormi) e pelas 9h da manhã entrei num desses autocarros altos, de dois andares.



Fazia anos que não andava num. Fui direta ao piso superior e sentei-me no assento da frente. A vista e a viagem foram do melhor. Deu até para tirar uma fotografia de qualidade saver-screen/ambiente de trabalho.

Cheguei à cidade costeira. Existiam tantas gaivotas a pairar por todo o lado que às tantas senti-me a jovem Lana (Conan - o rapaz do futuro). Só que a minha TiKi é portuguesa e ficou em portugal. E é quase do tamanho de uma cegonha!


Depois fui dar um passeio de barco. Embarcação em madeira, tradicional, em razoável estado de conservação.



Por fim sentei-me no areal, junto à água. Até deu para fazer uns castelos com a areia...


Mas estava na hora do almoço e dirigi-me a um fish&ships local. Só que aí vi uma barraquinha a vender frutos do mar e não resisti: lá comi um delicioso camarão!


De pança cheia nada melhor que voltar a relaxar... Nestas cadeirinhas disponíveis para quem quisesse.



E como o dia era para as crianças não faltaram diversões. Tipo... feira Popular! E para quem quisesse, casino também. Tudo ali, no mesmo sítio. Comida, diversão e relax...


A multidão era tanta que seria de julgar que se tratava de um dia de fim-de-semana durante as férias de Agosto! Mas não. A malta só estava era farta de não ter o que fazer após a «seca» do encerramento da Páscoa...


segunda-feira, 17 de abril de 2017

Sinto-me num filme de catástrofe


Não gosto quando as minhas folgas coincidem com feriados. Todo o comércio está fechado, os transportes tornam-se mais raros e não tenho família por perto para me juntar com ela nas comemorações. Portanto esta Páscoa foi para mim um aborrecimento.

Além de tudo estive mais para doente do que para saudável. Este clima não ajuda... Hoje esteve quase de chuva. O meu corpo sentindo-se moído, estranho. Noites mal dormidas, tosse, dificuldade em engolir e até mesmo mastigar. Um desconforto e uma fraqueza que tentei dominar dizendo a mim mesma que estava bem.

Mas despertei nesta segunda-feira de FERIADO após a páscoa (tudo fechado, gente. Tudo!!) sentindo o corpo a pedir descanso. Então fiz-lhe a vontade. Fiquei na cama a dormir, a tentar dormir, a tentar não tossir.


Chega! - percebi. Tenho de combater a doença antes que ela tome conta. Tomei o meu comprimido milagroso - o que desobstrui as vias respiratórias. Tomei o comprimido que a médica disse para parar de tomar - o da tiroide. Tomei banho e espalhei Vick Vaporub nas costas (onde pude alcançar) e no peito. 

Depois, na ilusão de que alguma coisa poderia estar aberta, saí no intuito de passar pelos correios. Vi na internet que era suposto estarem abertos. Mas qual quê! Aviso na porta: "fechados na segunda feira depois da páscoa". Ainda estive para atravessar a rua mas espreitei longamente as lojas. Toda a fileira delas, sem clientes, sem atividade. Olhei então para a minha direita, para o grande supermercado com vidraças grandes. Ninguém a subir ou a descer as escadas rolantes. Luzes apagadas. Nenhum movimento. Decidi não arriscar deslocar-me a pé até o supermercado mais longe - o tal que promete estar aberto 24 horas por dia. Simplesmente soube que seria infrutífero.

Na dispensa, frigorífico e congelador não tenho quase nenhuma comida. Estava a aguardar a minha folga para fazer essas compras. A páscoa quase me fez jejuar. O que não é aconselhável estando com a saúde comprometida. 

Mal saí de casa, comecei a fazer o caminho de volta. Ao entrar senti-me cansada. Como tenho sentido nestes dias. Percebi que o passeio que pretendo dar amanhã se passar bem a noite já estava comprometido, se me sentia assim com menos de 10 minutos de caminhada. Optei então para tomar mais um remédio que me foi receitado: ferro em xarope. 

Espero que não me venham com «feriados» amanhã, terça-feira, após a segunda-feira do Domingo de Páscoa!! Espero que o mundo tenha regressado ao normal amanhã.

Sabem aqueles filmes em que o mundo simplesmente congela e só fica uma pessoa a viver normalmente? Como um em que havia um relógio que se partia e aí tudo parava, estagnava. E só uma pessoa parecia ser a sobrevivente desse cenário apocaliptico. Pois eu quase me senti assim por estes dias. Principalmente por uns momentos em que espreitei a rua pela janela da casa-de-banho. Não escutava nenhum ruído e o mais estranho é que não existia aragem. Nada mexia. Nenhuma vegetação, nenhum ramo de árvore. Uma zona que costuma ser ventosa subitamente parou de exibir sinais de movimento. Foi aí que me senti no tal filme. 

Ontem tudo estava mergulhado no silêncio. Nem os vizinhos barulhentos cá estavam. Saí à rua e nos primeiros metros tudo estava igual. Não fosse o canto de um pássaro e diria que todos tinham abandonado esta cidade como se uma bomba nuclear tivesse devastado tudo e só eu, na minha «cave», tivesse sido poupada à disseminação. 

Enfim... filmes
Ontem pude perceber que existiam lojas abertas. A mercearia indiana, as duas lojas polacas, as outras duas de eletronica e quinquilharia diversa, pertencentes a paquistaneses. Benditos emigrantes que vêm para este país para trabalhar. Sem eles cidades inteiras viravam desertos. Até um café - o tal que tem pastéis de nata e outras iguarias portuguesas - estava aberto. Não preciso de ir muito longe para adivinhar que o café não é propriedade de nenhum britânico.

Mas de resto, tudo é devastação... de silêncio e de movimento. O centro comercial, fechado. Onde já alguém em portugal viu um Vasco da Gama, um Colombo ou um outro qualquer FECHADO em dias de feriado? 

Espero amanhã poder recuperar o ânimo no tal passeio. Porque a semana que se avizinha tem TUDO para ser uma das mais difíceis e complicadas em termos de trabalho. Vou ficar CINCO dias a trabalhar sobre as ordens de um indivíduo incompetente, mal educado, complicado, stressado, rude, malicioso e prepotente. Ainda por cima, nunca se cala. A voz dele está sempre a soar, alta, estridente, alterada, por todos os cantos. Até pensei em alegar doença e não aparecer! Mas prezo a minha saúde e «reservo» as doenças para os dias de folga Kkkk ;)

domingo, 16 de abril de 2017

Bank Holiday


Estou aborrecida. Hoje é o meu dia de folga e tudo à minha volta está fechado por causa das "Bank Holidays". Como é Domingo de Páscoa, tudo fecha. Não só hoje como durante todo o fim-de-semana.

Ora, sabemos nós que desde o tempo daquele rei inglês polígamo que gostava de mandar cortar a cabeça das suas mulheres, o UK não é grande seguidor da religião católica e seus feriados... Mas para fugir com o rabo à seringa do trabalho, a religião serve.

Maldito UK e a sua preguiça para o trabalho...

Aqui tudo fecha às 18h.
Aberto depois dessa hora, só mesmo os pubs.
Não se encontra mais nada: nem um café, um centro comercial... porra nenhuma.

Aos fins-de-semana é uma catástrofe: todas as lojas fecham às 4 da tarde.
E às sextas? O centro comercial/shopping fecha às 5 da tarde.

É em tudo o oposto de Portugal. Porque nós, sabendo que é um feriado e que as pessoas têm o dia livre e gostam de aproveitá-lo para ir a um café, um cinema etc - nós abrimos o nosso comércio. Pagamos o dobro do salário a quem trabalha nesses dias. 

Se estivesse em portugal poderia ir ao supermercado fazer as compras que estava a planear fazer. Mas aqui... até o estabelecimento que anuncia estar aberto durante 24h por dia todos os dias da semana, fecha cedo. 


ALGUÉM QUE ME EXPLIQUE ESTE CARTAZ, SFF
Até hoje é uma leitura muito complexa, 
tal e qual uma fórmula de química!

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Uma geração comprometida


Conheci esta jovem no emprego, 23 anos.
Pareceu simpática, de início. contou-me que a tatuagem de uma borboleta que tem no pulso representa a independência que atingiu aos 18 anos. (vão perceber que existe grande ironia nisto). Agora noto-lhe traços de algo que não me agrada muito.

Mas o mais importante e o que me leva a escrever sobre ela, foi uma conversa que tentamos ter hoje, durante a pausar de 15m a que temos direito. Perguntou-me ela (aliás, metralhou-me) há quanto tempo estava no país. Depois perguntou se vou cá ficar. E depois perguntou se não volto para o meu país. O interrogatório continuou com questões como «lá não há reforma?» e «não têm benefícios?». «Por exemplo, podes alegar que tens uma limitação de saúde e pagam-te um benefício?». 

Depois fez-me muitas perguntas sobre o estar a viver cá. "Gostas de dividir casa com outras pessoas?". "E em Portugal não dá?". "Como consegues pagar as contas?". Respondi-lhe, espantada: 
- "Trabalho. Ganho dinheiro." 
- "Eu também trabalho mas o dinheiro não me chega. Passei quatro dias em Londres e gastei-o todo".
- "Tens de controlar os teus gastos".

Ela responde-me que sempre gastou o dinheiro assim e eu volto a dizer-lhe que precisa de o gerir melhor. Ela responde-me que não. Ela vive com os pais, com casa em Londres, disse-me que paga apenas 50 libras por semana à mãe, mas não paga contas da luz, água, gás, internet ou a comida que come. E mesmo assim o dinheiro que ganha - o mesmo que eu, não lhe chega.

E é aqui que entra a «melhor» parte. Eu digo-lhe que não pode gastar mais do que tem e ela responde: 
- "Ai isso é que posso. O meu pai deu-me um cartão de débito e posso gastar mais do que tenho". 
-  "Mas não podes estar a contar com os teus pais para o teu sustento, eles não duram para sempre".
- " Não tenho de me preocupar. Os meus pais vão durar pelo menos mais 40 anos. Até lá..."

Os meus olhos abrem mais do que o seu tamanho normal. Ela tinha mesmo acabado de dizer com normalidade que contava explorar economicamente os pais por mais 40 anos??

-" É sério. Os meus pais ainda são novos. A minha mãe tem 45 anos. Vai viver pelo menos mais uns 40."
- "Sim, tomara mas... nunca se sabe. Não podes estar a contar com a ajuda deles".
- "Mas eles vão durar pelo menos 40 anos ou mais. A minha avó morreu com 101 anos, por isso..."

POBRES PAIS...
Sim, porque se por acaso forem ricos, vão ficar pobres num instante. Se é que já não estão. Têm uma filha que conta com a ajuda financeira deles por mais de 40 anos... A naturalidade com que ela disse esperar que os pais a sustentem, a forma como falou do cartão de débito dado pelo pai. Como se fosse algo comum como um pacote de pastilhas, como se pudesse realmente gastar o que lhe apetecesse. 

É ESTE TIPO DE mentalidade britânica que me faz temer o futuro deste país. Eu até lhe disse que, daqui a uns anos, se não controlar os seus gastos, depois vai ser uma daquelas pessoas velhotas que refila: "Malditos emigrantes, vêm para aqui roubar empregos!". 
-" Ah, não. Eu não sou assim" - diz ela.

Mas vai ser. Muitos deles estão a caminhar para isso. O Brexit é só a ponta do iceberg. E o resto vai aparecer daqui a muitos anos.



É que os jovens que conheci não demostram nenhuma simpatia por continuar os estudos. Dizem sempre que é muito caro - e pode até ser. Mas também oiço que o Estado ajuda. Depois ficas a pagar um «x» consoante o ordenado que ganhares. Os emigrantes aproveitam isto. Os nativos não.

Isto vai resultar numa inversão de poderes. Que já existe, aliás. Ou seja: vêm emigrantes tanto para trabalhar, quanto para estudar e conseguir melhores empregos. Já os ingleses, estão a deixar as escolas, não querem prosseguir os estudos alegando «o preço» e contam em gastar dinheiro que não têm.

Estão muito acomodados. Nasceram com tudo de mão beijada e sem que lhes seja exigido muitas responsabilidades - pelo menos é essa a vibração que sinto das pessoas jovens com que me cruzei. Não todas, felizmente, mas de uma forma generalizada.

Esta rapariga tirou um curso superior - disso-mo, quando lhe tentei explicar que tinha percebido que poucos jovens gostam de prosseguir os estudos. E se tirou, decerto que não foi para trabalhar onde está agora. Portanto já posso presumir que os pais - cansados dos seus gastos e frustados por os estudos pelos quais pagaram não resultarem em emprego remunerado - impuseram que ganhasse algum dinheiro. Mas se já a mimaram de outras formas e ainda lhe permitem que gaste tudo o que tem e mantêm um cartão de débito - então... qualquer tentativa poderá já vir tarde.


Sabem o que mais me chocou ver aqui no UK?
Um toddler. Sabem o que é um toddler? É a expressão que eles têm para designar uma criança que mal começou a andar. Estava esta criança a ser empurrada num carrinho de bebé, no jardim. E pergunta ela à mãe: "Where's my money?" "Mommy, I want my money", "Mummy, money!" "My money".
O rapaz procurava alguma moeda que lhe terão dado para as mãos. Dinheiro. Que deixou escorregar algures para o carrinho. Mas a forma como se fixou no dinheiro e o pronome possessivo... Fiquei chocada. A mãe, de início, ainda lhe respondeu: "O dinheiro está aí contigo". Mas à medida que a criança insistiu que o queria, a mãe ignorou-o. Como se tivesse adivinhado a minha surpresa. Eu preferia ter escutado a criança a pedir à mãe um brinquedo ou um boneco de peluche que tivesse deixado escorregar. Agora... dinheiro??

Se começar assim tão cedo, este facilitismo em receber dinheiro e o valorizar, então o UK terá, decerto, um grande iceberg debaixo das águas serenas... E a salvação está, mais uma vez, nos emigrantes.


É que as barreiras, criamos-nas nós.
O mundo é um só.
E estas gerações jovens do UK, não passaram por uma guerra, algumas sempre viveram em facilitismos, sem lhes exigirem que trabalhassem ou ganhassem responsabilidades em troca de terem tudo o que querem. Vão continuar a querer ser tratados de forma beneficiada e não vão ser. Vão alegar algum problema de saúde para viverem de benefícios do estado. E quem vai trabalhar? Os emigrantes :P

E a jovem que tatuou uma borboleta para representar a sua independência... precisou que os pais lha pagassem. Como ainda pagam muita coisa. Grande noção independência.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Autenticidade dos factos - expulsão Torremolinos


Acho que o que aconteceu em espanha, no hotel da localidade em Torremolinos, serve perfeitamente para exemplificar uma questão que já venho a querer abordar faz muito tempo. 

ACREDITAR PIAMENTE NOS MEDIA

Se alguns orgãos de comunicação se prestam a noticiar apenas o que sabem e escolhendo bem a terminologia com que afirmam alguma coisa, outros há que se ficam pelo alegado e o fazem passar por afirmado.

Como se sabe, um «grupo» com a módica quantia de 1000 teenagers foi fazer uma viagem de finalistas a espanha. Pagaram os pais o que tinham a pagar para que os seus mais-que-tudo ficassem alojados num hotel com o básico das condições de segurança, alimentação e conforto. 

Foram então expulsos por causarem danos ao hotel.

Pergunto: acreditam mesmo que todos os 1000 alunos foram responsáveis pelos desacatos e danos? Danos esses que não estão ainda listados?

Eu não acredito.

Um hotel aceita receber essa quantidade de pessoas - fossem ou não teenagers - para uma festa de bar aberto e com direito a música de concerto à beira da piscina. E o que espera? Uma reunião de freiras? Que fizeram voto de silêncio?

São jovens! Se já é complicado lidar com adultos nas mesmas situações ou mesmo dois ou três adolescentes, imaginem os 1000. Não é de propósito que são barulhentos, ou que falam alto quando passam nos corredores, ou que dão risadinhas. E não são todos os 1000 que agiram assim, decerto. Há sempre os sossegados e os eufóricos. 

Há sempre a meia-dúzia que vai para algum lugar no intuito de armar confusão. O que acontece é que pagam todos por esses pecadores. Podem ter sido expulsos todos os 1000, ou 800 como já li algures. Mas desses, talvez 12 andaram a ter comportamentos repreensíveis.

Tem de se dar educação aos nossos jovens sim. Mas pressupor que os pais são relapsos nisso, é outro erro

Quem já se esqueceu do que é ser teenager? E agora tentem imaginar o que é sê-lo nos dias de hoje. No meu tempo não existiam viagens de finalistas. Os jovens de hoje já contam com isso. Já sentem que é um direito adquirido, que faz parte da rotina de qualquer estudante, ter farras depois de terminar um qualquer objectivo académico. É a FORMA como esta sociedade consumista e capitalista os influenciou, já que das suas despesas tira um bom lucro. 

Antigamente o periodo da páscoa era um feriado religioso. Ainda se falava aqui e ali do corpo de cristo, de não se comer carne... Agora só se fala de coelhinhos da páscoa e ovos de chocolate. Os teenagers já não querem saber nem de uma coisa, nem de outra. Querem farra. Querem bebidas alcóolicas, querem fumar e agir como criaturas irresponsáveis...

Não é desculpa, claro. Mas é uma característica - não de todos - eu nunca fui assim. Mas talvez por nunca ter sido, consiga recordar como era não o sendo.

E como as coisas pouco mudam e a vida é feita de círculos, recordei a ocasião em que viajei na primeira e última viagem de escola com propósitos culturais: visitas a museus em Madrid. Mal entramos no hotel, ainda mesmo na recepção, já não haviam quartos suficientes para todos. Tivemos de dormir em maior número em quartos de outros para todos ficarmos alojados. Água quente, só muito raramente e por muito pouco tempo. Comida, uma lavagem. Não trocavam os lençois, porque isso era só quando a pessoa ia embora. E claro, fomos ameaçados de expulsão ainda mesmo na recepção da entrada, à chegada. E mal atendidos por alguns espanhóis com estabelecimentos nas redondezas, só por sermos portugueses. Era proibido ir aos quartos de outros a partir de uma certa hora. E fomos todos para lá com planos de passar os nossos dias a visitar museus. Só ao final da tarde regressava-se ao hotel. Agora imaginem o que é não existir nem esse propósito e só ter a DIVERSÃO como objectivo. Num hotel que não é uma estalagem, que tem piscina... 



Posso dizer que no meu grupo de não-recordo quantos mas menos de 60, existiram muitos jovens com aquela mentalidade: «longe de casa e dos pais, vamos fazer tudo o que não nos permitem fazer».  O que significa que podem fazer todo o disparate que lhes passar na cabeça. Nomeadamente, levar rapazes para os quartos, fumar, beber às escondidas e fazer traquinices com a propriedade alheia. 

Por isso acho que sei que, neste caso, a razão está dos DOIS LADOS.
Tanto o hotel tem razão em dizer que existiram comportamentos inaceitáveis, como os estudantes têm razão ao dizer que pagaram por um serviço que não correspondeu ao combinado. 

Se calhar o ERRO está nesta sociedade gananciosa de consumo. Para receber o dinheiro de 1000 hóspedes, dizem que «sim» a tudo. Depois não sabem que esse número requer cuidados especiais. Devem pensar que os festivais de música no verão são também realizados e frequentados por freiras e padres ... Lá porque é páscoa, não esperem milagres.

CONTUDO...
Depois de ler este artigo do público, acho que mudo um pouco de opinião no que respeita à desculpabilização. Tenho de concordar com ela. O que se diz aqui só fundamenta as acusações. Dizer-se que é "normal" numa viagem de finalistas existirem alguns danos já é aceitar um comportamento que não é suposto ser aceite. Lá proque todos o fazem e se torna rotineiro, não deixa de ser algo a combater. Não é porque todos viram carteiristas no Rio de Janeiro que agora faz bem roubar, não é?? Ainda por cima dizer que, lá por se ter cometido uma injustiça é aceitável "retaliar" isso está errado. O hóspede jamais tem o direito provocar danos conscientes como medida de retaliação. Afinal estes jovens estão a ser criados para serem excelentes dominadores da retórica ou da brutalidade?

Concordo com este artigo de opinião.

domingo, 9 de abril de 2017

Hábitos e práticas para serem relembrados


Ainda bem que alguém fez isto!
Sempre tive curiosidade e era da opinião que não podia ser um bicho de sete cabeças. Faz um pouco de confusão pensar que os hábitos mudam com o tempo e que, só por causa disso, caem em esquecimento. Mas aqui está: como iam as senhoras à casa-de-banho quando usavam aqueles vestidos do século XIX??


Pois achei ainda mais fácil do que quando eu vou com calças, Kkkk.


PS: Não acham a indumentária de antigamente tão linda e feminina?

sábado, 8 de abril de 2017

Terá sido o gato ou a Brenda?


Hoje o trabalho correu bem. Fiquei feliz com o ambiente - livre das pragas infestantes dos que têm má energia. Finalmente algo que vinha a pedir fazia dois meses foi realizado. E para completar, atendi um cliente simpático, inteligente e poliglota - cinco línguas (entre as quais árabe) que durante anos exerceu a mesma profissão em que me formei. Só por ter esse breve contacto já fiquei feliz. 

A meio da tarde terminaram as minhas 9h de trabalho. Estava um sol radioso, muito surpreendente para uma manhã nublada, em que a respiração saia do nariz em forma de vapor. 


O que fazer? Ir para casa descansar ou ir para o parque espairecer?

Vontade tinha eu para as duas coisas. Optei por ir para casa. O sábado é um dos dias de trabalho de um dos ocupantes. Com sorte, a outra ocupante também estaria fora e eu poderia simplesmente relaxar, sabendo-me só. Cheguei, desabafei com os meus botões sobre a minha felicidade pela conversa tida com a tal pessoa interessante e só reparei que não estava sozinha em casa quando fui petiscar à cozinha e avistei um rosto à janela. Com o sol das 17h a brilhar lá fora, decidi sair. Finalmente ia ao «meu» parque. Já tinha vontade de lá passar faz um bom tempo.

Apanhei o autocarro e fui. Cansada de andar com malas, optei por enfiar o que precisava nos bolsos do casaco (já que não tinha outros): O telemóvel, a carteira e a cartão do passe. Na mão, apenas uma garrafa de água e posteriormente um pacote de batatas fritas, que, pelo sim pelo não, comprei antes de entrar no autocarro.

A viagem foi rápida. Julguei-a mais demorada mas foi num ápice que me vi a sair na paragem da rua com o nome de um famoso pintor inglês. A caminhada para o tal parque ainda é longa. Mas compensa. E se compensou! Nunca lá tinha ido a um fim-de-semana. O parque parecia transformado. Era outro. Conclui que durante a semana é um parque diferente daquele que é nos fins-de-semana. Estava cheio de crianças cujas vozes entusiastas de pequenos seres a se divertir a brincar ecoavam por toda a parte num certo frenesim barulhento, sobrepondo-se ao perpétuo chiar dos pássaros. E cheio de pessoas de diversos tons de pele, a falar todos o tipo de dialectos, usando diferentes tipos de indumentária. 

Explorei novas partes do extenso parque. Aquilo mais parece uma floresta! Cheguei mesmo a encontrar uma extensão de densas árvores altas, por caminhos estreitos de terra batida e cheguei a pensar... «talvez não seja muito aconselhável trilhar por aqui». Mas trilhei. Era uma zona de "Ape experience". Os britânicos colocam cabos bem no alto das árvores e sobem lá acima, preso por arnazes, indo de árvore em árvore, seguros pelo cabo. Vi uma rapariga a executar esses procedimentos e devo dizer que me pareceu demorado e monótono. Os «macacos» (apes) não se demoram assim, eheheh.



Antes de chegar a essa zona mais isolada, quando ainda estava perto do extenso relvado verdejante apinhado de famílias em pique-nique, casais deitados a namorar, jovens a fumar e pessoas a jogar badminton, vi muitas pessoas a aparecer com cones de gelado na mão. Deu vontade. Mas, onde os teriam obtido? Não foi preciso pensar muito: sabia onde ficava o único sítio que parecia ser comercial. Um bar-restaurante dividido no espaço de duas grandes casas em madeira, que sempre tem a tocar uma deliciosa música country. É um estilo que muito me apraz e garanto que dá vontade de ali passar e ali ficar sentado um bocadinho, a relaxar.

Nem posso falar da vista para o lago! Não posso, porque o meu telemóvel perde bateria muito rápido. E perdeu antes de conseguir tirar uma fotografia. A única vez que me sentei num dos muitos bancos que por lá andam - o banco da Brenda - foi a vez que me proporcionou a melhor vista para as águas do lago. Uma paisagem quase cinematográfica que pode tirar o fôlego. Aquele parque agradou-me ao espírito e à alma logo na primeira visita. Os pulmões foram os primeiros a se sentirem felizes. O ar que se respira ali é mais agradável. Nunca lá tinha ido num dia como o de hoje. E desta vez estou a falar do solo. Porque sempre fui em dias que o chão tem consistência de lama. Desta vez tudo estava tão seco que pude caminhar tranquilamente por todos os recantos. É um lindo parque mas, se se optar ir para lá numa de aventura entre a natureza, regressa-se sujo, empoeirado e enlameado.

Mencionei o «Banco da Brenda». O que quer isso dizer - perguntam.

Bom, como acho que já havia mencionado, por cá têm o hábito de colocar nos bancos de jardim placas com o nome de uma pessoa falecida. Como já expliquei, acho isso um pouco estranho. Porque é o mesmo que dizer às pessoas para se sentarem num túmulo! Pois se tem data de nascimento e falecimento, nome da pessoa e as habituais referências de "adorada mãe e avó, para sempre nos nossos corações" brrrrrr!

Banco raro, com duas placas com nomes de pessoas falecidas

Se é por essa razão, não sei. Mas a verdade é que não é fácil ver alguém sentado num desses bancos. Eu tive a audácia, depois de muito caminhar, de me sentar num. No banco da Brenda. Só me lembro do primeiro nome porque, de certa forma, pedi mentalmente «licença» à Brenda para me sentar no banco dela... Como se o corpo dela tivesse enterrado por debaixo e o seu espírito fosse possessivo e por ali se mantivesse. Sentar num banco com o nome de um morto... Mas todos os bancos vêm com nomes de mortos. O que fazer? Uma pessoa tem de descansar.

Por esta altura estava um pouco triste. Tinha passado por umas pequenas flores azuis e senti o impulso de colher um raminho. Coisa que só não fiz porque o parque estava cheio de gente e mesmo num canto distante, sempre aparece alguém. Nesta ocasião foi um casal com um cão (e se os há por lá!) a falar polaco ou uma língua similar, pois não a conheço em concreto. Decidi então levantar-me do banco da Brenda e voltar atrás. Tinha apanhado um pequeno ramo florido. Mas era pouco. Senti vontade de decorar o quarto com mais alegria floril. Voltei ao espaço que me tinha agradado - o jardim da paz - e apanhei outro raminho, coisa pouca e a tal flor azul em último. Esta tinha o cale leitoso. Percebi que precisaria de a colocar em água rapidamente.


O resultado final.
Não ficou bonito?




Só então prossegui caminhada para sair do parque. Secretamente ia a tentar adivinhar onde poderá vir a ser o meu banco. Sim, porque quero um. É curioso. Estranho mesmo este costume dos britânicos em darem o nome de mortos aos bancos de jardim. Mas desde que os vi naquele parque quero um. Mas só ali. Noutro lugar não me apraz. O cantinho ainda está para ser descoberto. Não o quero na «lama». O branco da "Brenda" está completamente fora de questão em dias que não sejam de verão. Até chegar a ele enterram-se os pés!

Homem com cão
Pelo caminho avistei por trás o perfil de um senhor idoso com chapéu, bengala, uma sacola vermelha pelas costas e um cão delgado, tipo galgo, ambos a contemplar o horizonte. Imaginei que o senhor estaria a pensar onde ia querer o seu banco. Apressadamente, retirei o telemóvel do bolso esquerdo do casaco, na esperança que ao re-acender o aparelho já sem bateria, ainda teria energia suficiente para registar aquele instante. Mas já não fui muito a tempo. Homem e cão retomaram marcha e o que registei empaleceu diante do que vi.


Ser sábado também trouxe outro tipo de surpresa... Foi encontrar alguns desses bancos com flores e vasos de plantas depositados ali como se um túmulo fosse! Flores frescas, cheias de vigor, flores de verdade. Colocadas em ramos em cima dos bancos... Ora, isso é o quê? Só pode ser uma oferta ao falecido. Uma cena de facto rocambolesca.... Será que visitam os bancos como se fossem túmulos? 

Ramo de flores e vaso de era com brilhantes dourados
firmemente atados num banco com placa referindo um marido
saudoso, falecido em 1988, com 50 anos.


Caminhei. caminhei... já passava das 19h30.. Queria chegar à paragem do autocarro antes deste acabar de partir. Estar vazia era um mau sinal. Mas é sábado, fiz questão de perguntar ao motorista do autocarro no qual fui para lá se este tinha hora para cessar serviço. Disse-me que não, que até de noite havia autocarro. Por isso sosseguei. Aqui os sábados, domingos e os transportes não «casam» muito bem... Hoje atrasei uns minutos a chegar ao emprego, mesmo tendo saído de casa dois quartos de hora antes do tempo máximo que leva o dito autocarro a percorrer a distância. E, como é sábado e ainda nem eram 7 da manhã, o autocarro nem sequer viu UMA VIATURA à sua frente enquanto fez o percurso. Ainda assim, atrasado chegou. A tal da pontualidade britânica é um mito.

Cheguei à paragem às 19h44m. O painel eletrónico indicava que a próxima viatura passava naquele lugar dali a 26 minutos!! Uma eternidade, para os meus pés cansados, numa altura em que o dia estava já a falecer para dar lugar à noite. Foi então que comecei a sentir uma mudança de energia. Um receio, uma sorte má. Não quis dar ouvidos mas estava receosa de ali ficar tanto tempo, sozinha. Um homem «mau encarado» andava próximo. Ia e vinha, mas não se aproximava. O que quereria? Mantive-o debaixo de olho. Mantive todos os que se aproximavam debaixo de olho. Passou uma mulher com um andar algo cambaleante e uma postura estranha. Parecia drogada, pela forma como andava sempre com as mãos unidas à sua frente mas com os braços todos caidos para baixo, pelas suas roupas e botas datadas no tempo sendo ela visivelmente jovem. Mantive debaixo de olho todos aqueles que chegavam e entravam dentro das suas casas. Caso precisasse correr e bater por ajuda em alguma porta. Coisas que nos passam pela cabeça quando se vive ou viaja sozinho.

Mal cheguei à paragem e aparece de imediato um autocarro, mas no sentido contrário. Controlo o impulso de atravessar a estrada e meter conversa com o motorista. Porque era o mesmo que me trouxe até lá e me deu as informações. Queria dizer-lhe que a minha espera era de quase meia-hora! Provavelmente indo a pé em 30m chegaria a meio do caminho... Mas acordada desde as 5 da manhã, de pé durante 9h de trabalho e mais duas horas de caminhada a ideia era absurda e de imediato foi descartada. 


Continuei vigilante ao que me rodeava. Aos postes de iluminação ainda apagados. A luz do dia quase a desaparecer, tépida. A lua branca lá no topo do céu, mesmo à minha frente. Foi então que avistei um gato preto à minha esquerda, um tanto distante. Atravessava a estrada para a rua em frente. De imediato lembrei-me da crendice: "Gato preto dá azar!". Mas tentei afastar essas superstições, enganando a mente da seguinte forma: "ele não se atravessou à tua frente. Se não passar à tua frente, não há mal algum". Vejo-o atravessar e logo depois põe-se a caminhar para a direita. Passa por uma porta de uma casa, depois outra, outra sebe... até que não o vejo mais passar. Ufa! Penso. Foi por pouco. Passado um bocado o gato completa o resto do percurso e passa todo lagueiro à minha frente. "Bolas" -pensei. "Mas foi do outro lado da estrada, talvez não conte".

Espero e espero e espero... Os minutos parecem não querer passar rapidamente. Está a escurecer. Os candeeiros acendem-se. Faltam 10 minutos para o autocarro. E é aí que surge outro, no sentido oposto. Reparo então numas pessoas com crianças a correr. O homem toma a dianteira a ver se consegue chegar à paragem a tempo de mandar parar o autocarro. Sim, porque aqui meus queridos, nenhum pára alguns centímetros antes, ou depois. Nem sequer param se estiveres a fazer sinal e a correr para o alcançar. Já vi muitos a «molengar» na paragem, com percepção de que pessoas estão a correr para o alcançar e depois arrancam quando a pessoa está quase a conseguir. Aconteceu comigo uma vez e já vi acontecer com outras pessoas também. Portanto, para mim, isso é um costume. Aqui não existe a CORTESIA que existem em Portugal. No que respeita a motoristas de autocarro, existem boas diferenças. São cordiais, claro. Mas nestas pequenas coisas que fazem toda a diferença, são todos «fodidos». 

Ocorre-me que podia atravessar a correr para o outro lado da estrada e assinalar ao motorista para parar, de modo a dar tempo à família de o apanhar. Porque eu não ia querer entrar na viatura que não se dirigia para onde pretendia ir. Era só mesmo para ajudar aquelas pessoas e «tramar» o motorista que, quase de certeza, não ia parar. Mas ao mesmo tempo que senti este impulso muito rapidamente também me ocorreu que ter uma família de 5 crianças e 3 adultos por perto era-me vantajoso. Não queria estar ali sozinha. Ao menos sentia-me mais segura tendo por perto pessoas  aparentemente inofensivas. 

Por mais que o homem corresse e apanhasse a dianteira da corrida, não chegou a tempo ao poste que assinala a paragem. E eu vi, nitidamente, o motorista do veículo a virar o pescoço e olhar para o homem no preciso momento em que o ultrapassou. E continuou a andar, sem parar para os deixar entrar. A um SÁBADO, final do DIA, uma família com cinco crianças, sabendo que a frequência das viaturas é muito espaçada entre si. Não teve esse gesto de cortesia. Aliás, desconhecem-nos de todo. Seja o motorista inglês ou polaco, africano, etc... 

A família, de origem desconhecida mas com ascendência africana e a falar um linguajar num misto de francês, com africano e inglês, era barulhenta e irrequieta, mas normal. Acabaram por atravessar a rua para o meu lado, para a minha paragem. As crianças, duas meninas gémeas e três rapazes, corriam à volta da paragem, falavam e gritavam alto, pediam comida à mãe, uma das mulheres pôs-se a falar ao telemóvel... Uma família barulhenta com miúdos irrequietos e pouco disciplinados, mas uma família boa e normal, podia perceber. Os miúdos tinham uma cara linda e imaginei que iam se transformar em adultos charmosos. Uma das meninas tossia cada vez que dava dois passos de corrida. Achei que pudesse sofrer de asma... Coisas que nos passam pela cabeça assim, sem mais nem menos. Faltavam então 8 minutos para o autocarro aparecer. Mas ao invés do autocarro o que vejo aparecer à minha direita, vindo da frente do passeio para o meu lado, é o tal gato preto. Ele traçou um quadrado perfeito em torno de mim. Não me deixou nenhum «flanco» em aberto...


Faltam dois minutos para o autocarro aparecer, os miúdos estão numa algazarra e eu decido tirar logo o passe do bolso para o ter à mão e rapidamente o usar. É então que não dou com ele no bolso direito do casaco. Espreito no do esquerdo. Não sinto nada! Não tenho mais bolsos, não está no pacote de batata frita... Perdi-o. Ao mesmo tempo que isto me alarma, ao mesmo tempo sinto que não vou ficar apeada. Não tenho dinheiro comigo para a compra do bilhete com o motorista. Só tinha cartão de débito - e estes não são aceites. O próximo autocarro chegaria dali a tanto tempo que sabia que não podia esperar. O autocarro chegou enquanto ainda procurava, em vão, dar com a carteirinha do passe. Não dei. Preparava-me para entrar em primeiro lugar na viatura quando as crianças e o pai já se estavam a tentar enfiar primeiro. Uma das meninas entrou e correu para o fundo do autocarro, sendo de imediato reprimida pelo motorista, que gritou para que voltasse, perguntou se ela estava comigo, porque não podia entrar sem a presença de um adulto. A menina recuou e eu comecei a explicar ao motorista que tinha acabado de perceber que tinha perdido o passe.

A reação dele? Aqui não querem saber. Não tens como pagar o bilhete, não fazes a viagem. Simples, seco, sem peso de consciência.

Perguntei-lhe quanto custava o bilhete. Nem lhe disse para que destino - não pareceu fazer diferença. Ele logo respondeu: 2£40. Eu só tinha 2£ comigo... porque guardava na carteira uma moeda de estimação. Nova e reluzente. Era também uma moeda cunhada por ocasião especial, mas já nem recordo qual. Tive de a gastar por causa do gato preto ter-se atravessado no meu caminho...

Nem olhei para as feições da moeda, de modo a me despedir dela. Quando a apresentei ao motorista, que me ordenou que lha mostrasse, pousei-a no recipiente para o efeito que existe na porta que separa o condutor dos passageiros. Foi aí que quase tive a visão ofuscada pelo seu brilho reluzente. Tão nova que parecia acabada de sair da casa da moeda. O motorista, seco, indiferente, pegou nela e olhou-a por uns estranhos segundos, como que a duvidar da sua autenticidade. Depois repetiu que não podia me deixar entrar sem que pagasse o valor do bilhete. Ao que eu me virei para trás e pedi àquela família que me emprestasse os 0.40p. Algo me dizia que ia conseguir chegar a casa nesse sentido, e não me enganei. Uma das senhoras não hesitou em completar o valor, ao que lhe agradeci e como gesto de reconhecimento ofereci um snack que encontrei no bolso: uma barra de cereais. Mas ela compreensivelmente recusou. 

Entrei então com bilhete comprado... Mas não graças ao motorista. Por esse podia ficar a dormir na rua, eles não querem saber.

Muito diferente de portugal, decerto. Não que os nossos nos deixem entrar sem bilhete (bom, muitos fingem não ver os que o fazem de propósito). Mas nós temos mais coração e mais alma. Temos ainda isso... Eles já os perderam para as normas e regras.

Lembro-me perfeitamente de uma ocasião em Lisboa, no terminal rodoviário, em que esqueci a carteira em casa e não tinha dinheiro comigo. Precisava entrar na camioneta para ir trabalhar. Expliquei tudo ao motorista que, ao contrário de todos os outros dias, não reconheci. Novo ali, um homem de outra nacionalidade, algures de um país de leste. Que me estava a ver pela primeira vez. Ele foi tão simples e descomplicado, deixou-me entrar só com a promessa de que depois pagaria o bilhete - o que fiz, com ele próprio, na ocasião em que o avistei pela segunda e última vez. Ele foi tão... que eu o tomei por um anjo reencarnado. A sério que sim! Parece uma coisa ridícula mas, se existirem anjos deste género, eles são um pouco como o Michael Landon no seu seriado "Um anjo na terra". Parecem-se com homens comuns, não têm nada de especial, podem até ter um ar rude, feio, estranho. Mas se eles te virem a alma ou receberes um gesto especial, entendes.


No autocarro continuei a «sentir» com as mãos os bolsos do casaco na esperança de encontrar o passe mensal. Sei que não está comigo, mas isso não me impede de repetir o gesto. Chego então ao destino, saio do autocarro - já o motorista é outro, pois mudaram na paragem anterior - e vou a caminhar para casa a pensar na despesa que vou ter de fazer pela manhã, quando tiver de apanhar novamente o autocarro para ir trabalhar. Vou gastar umas 8 libras para pagar viagens que já havia comprado. Perder o passe não me incomoda, porque acho que posso pedir outro, ainda carregado com essas viagens. Mas acho que a companhia não vai fazer isso, e se fizer, não será rápido. Embora fazer um passe seja no próprio instante. Mas uma segunda via não sei qual o processo,muito menos a um Domingo. Podem até estar fechados.

No meio desta falta de sorte trazida pelo gato preto, existiu alguma sorte. De tudo o que tinha nos bolsos do casaco - telemóvel, carteira com documentos, passe de autocarro e barra de cereais, podia ter perdido coisas mais importantes. Como a barra de cereais, ahahaha!

Caminhava então para casa, desejando encontrar no chão uma moeda para contrariar a má sorte. Já avistava a esquina com a luz do candeeiro que antecede a escuridão, quando dou por mim a pensar no gato preto e na autenticidade dessa crendice. E nesse instante, quando vou para passar pela esquina, penso: "Espero que ao dobrar a esquina não me apareça outro gato à frente".


Dobro a esquina e logo me aparece junto com um Miau um... gato! Vem direito a mim, roça-se nas minhas pernas, mostra-se meigo, mia, cheira o saco das batatas fritas, volta a enrolar-se em mim... Um mimo. É um gato felpudo, de pelo algo branco e alaranjado, com uma cauda comprida e felpuda, meio gordo.


Provavelmente uma gata, pois só elas são assim dóceis. Já a havia avistado antes, em Dezembro, através da janela do quarto. Percebi que era gato de rua, talvez cuidado por pessoas, mas de rua. E é destas redondezas. Nunca mais o avistei, até este instante que descrevi.

Acariciei-o de volta e perguntei-lhe:
"Olá fofinho. Vens me dar sorte? Não és como o teu amiguinho, que me deu azar, não é?".

Acariciei-o mais vezes, ele continuou a roçar-se nas minhas pernas. Início de cio? Não me pareceu... Ou talvez. Não importava. Os gatos são por natureza fugidios e este «saltou» á minha frente para me acariciar. Agradeci-lhe. Mas precisei continuar caminho, estava quase perto de casa. Decidi dar um passo em frente, sem saber se a gata ia reagir afastando-se. Ela pareceu querer seguir-me. Ainda se roçou um pouco mais nas minhas pernas, seguiu-me até o atalho e ficou a roçar-se numas ervas altas. Eu prossegui caminho pelo carreiro estreito e ela ficou algures na escuridão. Entrei em casa direta para a cozinha, peguei num recipiente em plástico, numa lata vazia que vi na reciclagem, enchi a lata de leite, aqueci no microondas a única comida que tinha em casa - pedaços desfiados de borrego e fui deixar lá, onde avistei a gata pela última vez. Porque já não a encontrei. Será ela a decidir se vai querer encontrar-me novamente.

Recuei e não pude deixar de reparar na lua. Está próximo o dia 11/12/13... datas que têm implicado consternações no passado. Coincidentes com o início do dia de lua cheia. Tudo isto são crendices mas digo-vos... estou muito mais sintonizada com este género de coisas do que gostaria. Começo a aceitar que possam ter fundamento. Porque são coincidências... que coincidem demais.


A lua hoje está praticamente totalmente CHEIA.
Surgem gatos pretos e gatas laranjas felpudas...

Agora resta saber se foi o gato preto ou a ousadia de me ter sentado no banco da falecida Brenda!
Mas cá para mim foi o gato.

Voltei depois a sair. Lembrei-me que podia ter levantado o dinheiro que vou precisar para a passagem logo pelas 7h da manhã. Costumo ir sempre à multibanco do meu banco, que é perto mas como fica no centro da cidade, dá muito nas vistas. E a zona não é bem frequentada quando anoitece. Por isso precavi-me. E por estar cansada, usei a máquina MB do banco que fica mais próximo, nas traseiras da minha casa. Procurei confirmar se era "Free", porque aqui cobra-se uma taxa por se usar os terminais multibanco. Lá dizia que permitiam levantamentos «de graça» aos cartões de débito. O meu é de crédito. Mas quis acreditar que o FREE era sem restrições. Afinal, free é free. E tinham-me dito que basta ter essa indicação que não vão cobrar dinheiro. Lembrei-me apenas ao chegar a casa, de olhar o recibo. Mostrava o saldo disponível e o saldo. Com uma diferença de CINCO libras. Fiquei sem saber que diferença era essa. Depois poderei confirmar mas, acho cá para mim que o poder do gato preto perpectuou-se e esse valor foi quanto me custou o levantamento naquele terminal.

Haja formas estúpidas para se gastar dinheiro arduamente ganho!!